Relatório do G20 apoiado pelo Brasil pede imposto de renda global baseado na riqueza


Um imposto global sobre os super-ricos é proposto num novo relatório que o Brasil encomendou para a sua actual presidência dos 20 principais países ricos e em desenvolvimento.

Indivíduos com mais de mil milhões de dólares em activos totais seriam obrigados a pagar o equivalente a 2% da sua riqueza em imposto sobre o rendimento, de acordo com a proposta contida no relatório de Gabriel Zucman, economista francês que leciona na Escola de Economia de Paris.

O relatório diz que os bilionários globais pagam atualmente o equivalente a 0,3% da sua riqueza em impostos. Afirmou que um imposto de 2% arrecadaria entre 200 mil milhões e 250 mil milhões de dólares por ano a nível mundial de cerca de 3.000 indivíduos – dinheiro que poderia financiar serviços públicos como a educação e a saúde, bem como a luta contra as alterações climáticas.

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“Os super-ricos pagam proporcionalmente menos impostos do que outros grupos socioeconómicos”, disse Zucman aos jornalistas, acrescentando que esta prática alimenta a desigualdade. Ele chamou um sistema fiscal progressivo de “pilar fundamental das nossas sociedades democráticas”, essencial para fortalecer a coesão social e a confiança nos governos.

Em termos de riqueza, os bilionários atualmente detêm o equivalente a 13% do PIB mundial, contra 3% em 1987, de acordo com o novo relatório.

bandeira brasileira

NEWPORT, RI – 15 DE JULHO: A bandeira nacional do Brasil balança ao vento durante o Infosys Hall of Fame Open em 15 de julho de 2022, no International Tennis Hall of Fame em Newport, RI. (Foto de Erica Denhoff/Icon Sportswire via Getty Images)

O imposto proposto teria como alvo os bilionários que ainda não pagam o equivalente a 2% da sua riqueza em imposto sobre o rendimento, afirma o relatório. A maioria dos bilionários globais provavelmente paga menos de 2%, mas é difícil ser mais preciso, disse Zucman.

O novo membro do G20, a União Africana, manifestou interesse na proposta, assim como a Bélgica, a Colômbia, a França e a Espanha, disse ele.

A questão da desigualdade é uma prioridade para o Brasil na presidência do G20, juntamente com a redução da fome, a promoção do desenvolvimento sustentável e as reformas da governança global.

Um imposto mínimo global sobre bilionários é uma forma de arrecadar fundos para avançar nessas agendas, disse aos jornalistas Felipe Antunes de Oliveira, do Ministério das Finanças do Brasil.

Ele reconheceu que o caminho a seguir estaria longe de ser tranquilo.

“Podemos esperar que as negociações sejam longas”, disse Oliveira, repetindo comentários semelhantes do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em fevereiro, quando a proposta foi discutida pela primeira vez em São Paulo.

O fosso entre os super-ricos e a maior parte da população global aumentou desde a pandemia do coronavírus, segundo a organização anti-pobreza Oxfam International, que elogiou o novo relatório.

“Esta é uma proposta sensata e séria que é do interesse económico estratégico de todos os governos”, disse o diretor executivo interino, Amitabh Behar, num comunicado.

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De acordo com um estudo de 2023 realizado pelo grupo de defesa Tax Justice Network, países em todo o mundo poderão perder até 4,8 biliões de dólares em receitas fiscais durante a próxima década devido à utilização de paraísos fiscais por indivíduos e empresas.

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